você foi mar revolto que pega de surpresa, assusta, afoga, mata. você me pegou de surpresa, me assustou, me afogou, me matou.
mas eu sobrevivi a você.
meu deus, eu sobrevivi a você.
e é simplesmente tão gratificante poder dizer isso depois dos momentos -que pareciam ser infinitos- de dor, angústia, sentimentos de abandono e uma necessidade doentia que eu sentia por você. eu precisava de você como meus pulmões precisam do ar que eu inspiro e expiro. eu sentia você como eu sinto fogo queimando minha pele. eu percebia você com todos os meus 5 sentidos e mais qualquer outro que alguém venha dizer que existe.
eu respirei você e somente por você.
eu abri mão das centelhas de lógica que, vez ou outra, apareciam em meus pensamentos me dizendo para sair daquela situação lamentável que apenas drenava minha alma e qualquer amostra de sanidade que eu me arriscasse a experimentar.
eu estava doente, não sei se você sabe. bom, nunca vai saber.
mas tudo bem, eu ainda tinha você, era tudo que eu precisava.
erro meu.
você terminou comigo dizendo que não sabia mais o que sentia por mim. céus. eu nem sei explicar como exatamente me senti. acho que senti tanta, mas tanta coisa, que no somatório de tudo me restou apenas uma cortina de dúvidas e emoções embaralhadas e eu, uma garota incapaz de traduzir para mim mesma o que estava acontecendo comigo. eu dormi mal naquele dia e sabia o que estava por vir: vômitos, insônia, vômitos, insônia. vontade de morrer.
no começo, bem lá para as primeiras horas, eu achei que conseguiria lidar bem com aquilo. que ok, era só um término, e eu ainda estava inteira. mas eu NÃO estava. infelizmente eu dei a você a responsabilidade de preencher minhas lacunas vazias, meus abismos indecifráveis. te dei o cargo de cura para o veneno que eu era para mim mesma.
os sentimentos de abandono, insuficiência, ódio, mágoa, rancor, desilusão, amargura e buraco me atingiram como uma bala: gélida e covarde que não se preocupa em onde vai te atingir, apenas extingue a sua vida paulatinamente, diante dos seus olhos, sentindo o gosto da sua impotência.
eu te odiei. mas, pior do que isso, eu me odiei. por ter confiado em você, por ter esperado tanto de você, por ter transado com você, por ter amado você com cada célula do meu corpo e cada molécula de oxigênio que entrava e saía desses pulmões que funcionavam para que eu pudesse ser sua.
e, então, eu comecei a chorar. não parei mais. foram exatos 3 dias de total desespero. eu passava horas do meu dia assistindo a vídeos do padre fábio de melo, vídeos sobre superação, recomeço, términos de namoro, ciclos, momentos ruins, tudo. eu precisava de algum conforto. pasme, até tentei voltar a acreditar em jesus e no amor dele por mim -não durou muito-.
você foi um furacão e eu casa de madeira. levou minha estrutura consigo. levou qualquer coisa capaz de me manter de pé. eu estava caída, jogada, implorando aos céus e a qualquer força, energia e afins que tirassem de mim aquele sentimento que não cabia em mim. se alguém me perguntasse se eu preferiria morrer ou superar aquilo com o tempo, eu teria escolhido a morte, pois estava doendo como uma surra no coração, no cérebro, no estômago, na alma.
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